sábado, 29 de setembro de 2012

Amigos
 
Foram necessários 20 anos de La Salle para presenciar um espetáculo produzido pela maravilhosa movimentação dessa semana, que envolveu o curso de Geografia de modo unânime.
 
Confesso que estava acostumado com certas mobilizações do CAGEA em prol de saídas de campo, churrascos e coisas parecidas, mas nenhuma foi tão poderosa como essa
 
Ela teve algo nitidamente diferente das outras: revelou o intenso e profundo amor de todos vocês pela Geografia, pelo curso, pela educação, pela sociedade, pelos seres humanos
 
Essa semana revelou para nós algo que não sabíamos acerca de nós mesmos: nos amamos mutuamente e muito, a despeito de qualquer diferença existente entre nós
 
Foi preciso sermos atacados para poder demonstrar esse sentimento afetuoso de uns pelos outros através de atitudes práticas como criar panfletos, distribuí-los, escrever faixas, chamar jornais, falar com transeuntes, expor a cara, escrever artigos, xingar quem merecia, etc.
 
Precisaram atirar contra aquilo que nos une para finalmente podermos reconhecer em nós mesmos um sentimento que vai além do mero apreço comum que temos pelo mesmo campo de estudos
 
Agora entendemos melhor que o que nos atrai é, de fato e não se pode negar, o amor, o apreço de cada um pelo nosso próximo, nossos colegas, aqueles que Deus pôs ao nosso lado nessa vida para lutar junto conosco o bom combate em nome da felicidade e bem-aventurança humanas
 
Felizmente as máscaras puderam enfim cair, permitindo-nos descobrir que não conseguimos viver uns sem os outros, e que isso, e não outros elementos secundários, é o que não queremos perder nem admitimos que nos tirem
 
A luta possibilitou aflorar toda a carga de nossa humanidade, fazendo com que nos descobríssemos mais sentimentais e sensíveis do que supúnhamos ser
 
Nossas emoções sufocadas, abafadas, impedidas de aparecer pelo excesso de afazeres, inclusive acadêmicos, do dia-a-dia, extravasaram em jorros de adrenalina, ímpetos, apertos de mãos, gritos, confissões, abraços, risos e lágrimas
 
Nunca presenciei tanta união e pragmatismo na vida como presenciei nesse
espaço de apenas uma semana
 
Nesse período, todo ranço de hierarquia que atrapalha a pureza dos relacionamentos humanos deixou de existir completamente
 
Já não éramos professores e alunos, mas uma coisa só, amigos muito íntimos, unidos em torno de algo e de nós mesmos para garantir que justamente isso, essa esfera de família, aconchegante, afetuosa, compreensiva, tolerante ao máximo e que não exclui ninguém, não desapareça, nunca morra, nunca seja esquecida
 
Afinal a Geografia é assim, uma verdadeira família, um curso diferente de todos porque não se revela a partir da condição de objeto de consumo precificado, antes usa essa condição para poder revelar a pessoas vocacionadas aquilo que realmente ele é e possui
 
E o que ele é se vê na face daqueles que o escolheram: essa é a sua verdadeira identidade
 
A Geografia são os geógrafos!
 
A Geografia não é, antes de tudo, o conhecimento das formas e dinâmicas espaciais
 
Ela é o conhecimento do homem, responsável pelo espaço, na sua dimensão mais profunda, mais sublime, mais etérea, mais misteriosa e incompreensível
 
Ser geógrafo, ser professor de Geografia é olhar para o espaço e descobrir infinitas possibilidades de exercitar as habilidades conferidas por Deus para fazer o bem para o nosso próximo e para a natureza
 
Portanto, geografar é algo ligado diretamente a nossa principal e melhor vocação: amar
 
Asssim sendo, torna-se mais fácil entender porque nos sentimos tão maltratados quando propuseram fechar nosso curso por causa de um punhado de dinheiro
 
Conscientemente reagimos à tentativa de alguém, que não conhece o que ser geógrafo significa para nós, quantificar e medir em números os sentimentos e motivações mais sublimes de nosso ser interior
 
Não há desafio tão agudo, comparável ao que nos propuseram, de aceitar de forma pacífica a perda de uma de nossas mais fortes razões de viver, que admita ficar sem resposta
 
E a resposta veio, e veio com força, coragem e obstinação
 
Veio com esforço, tensão, suor, energia, desejo ardente de convencer e de vencer
 
E a vitória aconteceu: vencemos!
 
Depois de todo o esforço, emergimos campeões e conseguimos finalmente consolidar nossa conquista
 
Não me refiro à revogação do fechamento do curso
 
Isso a Instituição conseguiu
 
Eles são os donos da bola, e se eles não querem mais que joguemos, assim seja, azar deles
 
O que eles não conseguirão fazer é destruir nossa vocação
 
Porque nossa vocação de amar é de fato indestrutível
 
Amar Deus, os homens, a natureza, amar o ensino, que eles já não amam mais, salvo se der dinheiro
 
Emergimos como vitoriosos porque fomos até o fim levando fé na possibilidade de abrir os olhos dos nossos algozes
 
Apesar da derrota, saímos vencedores porque terminamos muito melhores do que antes
 
Melhores, mais fortes, mais coesos, mais confiantes, com auto-estima elevada
 
Somos vitoriosos porque os votos se foram, mas a Geografia em nós ficou, e ficará, e ninguém nunca poderá removê-la
 
Ficou tanto que ela mereceu toda uma semana de escarniçada e tenaz batalha renhida contra tudo e contra todos, que serviu para provar para nós mesmos que há ainda coisas nessa vida pelas quais vale a pena lutar
 
A nossa luta é pelo novo mundo que desejamos construir através da Geografia
 
Que não é um curso de terceira, nem apenas uma matéria de ensino fundamental
 
A Geografia é o espaço repleto de amor e inundado de bons e divinos sentimentos, cuja ordenação final só pode ser algo próximo do paraíso orignal
 
Querem fazer o espaço sem Geografia: o que eles terão?
 
Nada, pois a Geografia é a compreensão do próprio sentido do espaço
 
E o sentido somos nós
 
Se esse episódio todo serviu para nos descobrirmos melhor enquanto seres geográficos, temos todo o motivo para celebrar
 
Quero que todos saibam que estou orgulhoso demais desse curso e de seus protagonistas por tudo o que fizeram essa semana em nome de algo que muitas vezes é vivenciado, mas não completamente compreendido
 
Agora, porém, compreendemos melhor
 
Graças à luta
 
E a luta não pode parar
 
Um abraço
 
Leandro
 
Recebido por e-mail:


JOÃO BATISTA, URGENTE!
Virou! O mundo virou do avesso!
Desabou, o que restava do edifício moral desabou!
Três notícias confirmam o que muitos já sabiam: a humanidade passou da barbárie à escuridão total.
A primeira: estudante de Educação Física leiloa sua virgindade na internet para obter dinheiro para cursar Medicina
Ela se dispõe a destinar parte do lance final para a construção de casas populares
Hoje em dia, virgindade é um artigo em extinção, e subsistem cada vez menos espécimes de humanos virgens
Por ser cada vez mais rara, a virgindade humana está valorizada no mercado
A garota, de 20 anos, deixa claro o motivo porque se manteve virgem até agora: ganhar muito dinheiro e fama mundial por poder ser televisada enquanto passa de pura a prostituta em um instante, direto, sem processo de decadência
O que o mundo não se deu conta é que essa moça já não é mais virgem, embora ainda se considere
Sua verdadeira virgindade, a do coração, já está irrecuperavelmente perdida
A segunda notícia: em Israel, cada vez mais filhos deficientes entram na justiça responsabilizando médicos por não terem sido abortados no útero
O que mais impressiona nesse fenômeno, que também acontece nos Estados Unidos e Canadá, é a natureza do testemunho dos pais, enunciado na presença dos filhos: “se por meio da realização correta dos exames pré-natais soubéssemos que ele nasceria com esse problema, teríamos feito tudo para ele não nascer”
No país das vítimas do holocausto, pais e filhos se unem para exigir holocausto de bebês imperfeitos
Nessas horas não consigo entender por que acusaram Hitler pelo extermínio de pessoas defeituosas
Pelo visto Israel criou sua própria máquina de assassinatos, tão demoníaca quanto as câmaras nazistas
E a terceira notícia: sistema de assistência social do governo inglês determina que deficiente físico tenha direito a receber serviços sexuais de prostituta à custa de dinheiro público
Para quem não entendeu, na Inglaterra transar com prostituta é considerado um direito básico para os aleijados e merece ser pago pelos contribuintes
Inclusive por quem considera importante se manter moralista e transmitir princípios nobres para seus filhos
Em breve, o Estado assistencialista brasileiro irá copiar para cá essa bondosa atitude
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Já no Unilasalle de Canoas, três cursos de licenciatura correm o risco de ser fechados
Em entrevista a um jornal local, o representante da Instituição finalmente admitiu: ao serem entrevistados, os alunos das licenciaturas informaram que sua motivação básica para a carreira escolhida não é a remuneração, mas a vocação
Fantástico, ainda encontramos gente vocacionada no mundo de hoje!
Minha cabeça: achava que isso era coisa do passado, praticamente extinta, como a virgindade!
Para mim, escolher uma profissão por paixão por outra coisa exceto o dinheiro se tornara coisa de gente idiota
Para quê, num mundo onde os valores importantes são os monetários, alguém colocaria a paixão pelo seu objeto favorito de conhecimento na frente dos altos salários e do elevado status conferido pelas chamadas profissões “mais nobres”?
Após a entrevista do vice-reitor, descobri que ainda resta esperança: existem, sim, ainda, diversas pessoas – cada vez menos, é certo – dispostas a seguir uma carreira de vida profissional exclusivamente por amor ao campo de estudo e não prioritariamente por dinheiro!
Foi aí que me lembrei da motivação de João Batista, fundador da ordem lassalista, ele mesmo, sem dúvida alguma um homem profundamente vocacionado e repleto de amor pelo ato de educar, de transmitir conhecimento e boas maneiras.
Dei-me conta então de que só podia haver algo errado: no Unilasalle, dos seguidores de La Salle, ser vocacionado virou motivo para fechamento de curso!
Como?
Será que não entendi: ter vocação está sendo considerado padecer de falta de ambição?
(Ambição financeira).
Não acredito!
Vejam só, que lógica: por não terem ambições de riqueza, por serem pessoas, cada vez mais raras, dispostas a pagar um preço material pela carreira para a qual se sentem profundamente atraídas, os vocacionados ao magistério cometem pecado!
Porque cometeram e, mesmo em face de toda a maré contrária, teimam em continuar cometendo esse pecado indesculpável, os vocacionados merecem receber uma punição, uma pena, um castigo: o fechamento de seus cursos.
Pode existir melhor maneira de acabar de vez com as vocações?
Se João Batista de La Salle vivesse hoje, ele seria acusado e sofreria bullying acadêmico e social pelos seus discípulos por decidir seguir as motivações de seu coração ao invés de pensar na carteira e na conta bancária?
Talvez recebesse na cara: tu não te ligas em retorno financeiro para aquilo que fazes?
Claro, porque no mundo moderno as decisões só se tornam autênticas se embasadas em motivações autêntica$
E alguém com motivação real para educar só pode estar mentindo
Deve haver por trás um desejo igualmente forte pelo dinheiro, que é estrategicamente encoberto pelo verniz dourado do puro sentimento pela educação
Sem dúvida, há, desejo legítimo, mas na profissão que escolhemos, temos sido obrigados a nos acostumar a crer que bons salários decididamente não combinam com vocação interior
E a recompensa que obtemos não é uma aposta das instituições no resgate do que é bom, mas uma condenação por não fazermos parte desses novos tempos, tempos diferentes, de desvalores
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Cada vez mais me convenço de que somente poderemos combater a decadência moral social que me causa perplexidade com uma educação ministrada por pessoas absolutamente vocacionadas pela humanidade
Como foi João Batista
De La Salle
Monalisa Oliveira

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Lacerdinhas, segundo Juremir M. da Silva

Do blog do Juremir... http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?m=201207

A saga dos lacerdinhas e o fim do monopólio do rótulo

Postado por Juremir em 22 de julho de 2012 - Cotidiano
Durante muito anos, ouvindo rádio, vendo televisão e lendo jornais, eu me espantava com uma unanimidade: todos os dias os mesmos rotulavam as mesmas pessoas.
Todos os dias os mesmos rotulavam pomposamente seus oponentes de:
- Radicais
– Xiitas
– Fundamentalistas
– Ecochatos
– Malas
– Ignorantes
– Retrógrados
– Intransigentes
– Fanáticos
– Raivosos
– Obcecados ideológicos
Faziam isso em vários registros: ataques diretos, tom de ironia, pretenso humor, etc.
Tinham o monopólio do insulto, da rotulação, da etiquetagem. Só eles falavam. Era tanta convicção que não parecia haver espaço para a dúvida ou para o questionamento. Quem ia ver de muito perto o que estava acontecendo, claro, descobria o óbvio:
– Radicais, xiitas, fundamentalistas, malas, ecochatos, ignorantes, retrógrados, intransigentes, raivosos, fanáticos e obcecados ideológicos era todos os que atrapalhavam os interesses daqueles que tinham o monopólio do rótulo na mídia amiga.
Curiosamente quase todos os rótulos aplicados por eles cabiam-lhes perfeitamente. Os lacerdinhas podem ser definidos, caracterizados e explicados aos marcianos como:
– Radicais
– Xiitas
– Fundamentalistas
– Agrochatos
– Malas
– Ignorantes
– Retrógrados
– Intransigentes
– Raivosos
– Fanáticos
– Obcecados ideológicos
Há uma diferença: um lacerdinha é fanático, um obcecado ideológico que se acha neutro, acima das ideologias, objetivo, imparcial, detentor da verdadeira verdade.
Cansei de ver pessoas de diferentes partidos, marxistas ou não, sendo rotulados com a maioria das etiquetas aqui apresentadas como sendo meras constatações.
– Leonel Brizola era radical
– Maria do Rosário era fanática, raivosa, intransigente, etc.
– Luciana Genro idem
– Henrique Fontana também
– Heloísa Helena nem se fala.
Toda a esquerda era fundamentalista, fanática, ideológica, intransigente, etc.
Que estranho, que curioso: Paulo Maluf nunca recebia esses rótulos. Podia ser chamado de ladrão, mas de fanático e obcecado ideológico, pelos rotuladores da mídia, não.
Aprendi que todos os fanáticos e radicais eram bem menos fanáticos e radicais que seus rotuladores, que chegavam, e chegam, a babar de raiva e fanatismo quando os rotulam.
Nos últimos anos, depois da morte do fanático principal da mídia fashion, Paulo Francis, que herdara a verve inescrupulosa de Carlos Lacerda, surgiu uma penca de lacerdas com menos brilho, mas com muita baba ideológica: Olavo de Carvalho, o autodenominado filósofo Pondé, Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Ali Kamel, Demétrio Magnoli e outros lacerdões, campões de mediocridade obscena, que são os ídolos de lacerdinhas regionais e de lacerdinhas sem mídia, numa cadeia ideológica disseminada.
Falo tudo isso pelo seguinte: muitos lacerdinhas estão ofendidos. Não aceitam ser rotulados. Acham que rotulá-los é desqualificação inaceitável, agressiva e injusta.
Não admitem expressões como “cérebro de ervilha”.
Sentem-se saudades do tempo em que só eles podiam rotular.
Dez maneiras de identificar um lacerdinha:
1 – Um sujeito que, em nome da direita, diz que não há mais direita e esquerda, fazendo, em seguida, um discurso furioso, radical e fanático contra a esquerda que não existe.
2 – Um cara que, em defesa da sua ideologia, afirma que não existem mais ideologias e, na sequência, faz um discurso ideológico fanático contra o ideologismo de esquerda.
3 – Um sujeito que treme de fúria ideológica, chamando seus oponentes de burros, atrasados, imbecis, perigosos e radicais, em nome da neutralidade analítica.
4 – Um cara que, ao ouvir uma crítica a um ditador de direita, acha que haverá necessariamente a defesa de um ditador de esquerda.
5 – Uma figura que jamais criticou a Lei do Boi – cotas para filhos de fazendeiros em universidades públicas –, mas é contra cotas raciais e até sociais.
6 – Um tipo que defende a democracia, mas está disposto a apoiar ditaduras de direita se elas lhe trouxeram benefícios econômicos e silenciarem seus oponentes.
7 – Um “ponderado” analista, defensor do Estado mínimo, que exigirá um Estado máximo quando sua empresa estiver falindo ou precisando de um empréstimo a juros baixos.
8 – Um crítico ferrenho de políticas de compensação por falta de oportunidades equivalentes salvo quando, como produtor, exige compensações por se sentir sem condições equivalentes para competir, por exemplo, no mercado internacional.
9 – Um indivíduo que passa a vida classificando as pessoas em nós e eles, fanáticos e razoáveis, estúpidos e racionais, xiitas e ponderados, e, quando classificado de lacerdinha, faz longos discursos contra esse tipo de simplificação classificatória.
10 – O representante de grupos que sempre encontraram maneiras de obter benefícios a partir de casuísmos, leis de exceção, contingências mais ou menos justificadas, contextos sociais e históricos, mas que, quando seus oponentes se organizam para tirar-lhes privilégios ou reparar prejuízos históricos, transformam-se em defensores de princípios pretensamente racionais, abstratos e universais de concorrência.
Há outras maneiras de identificar um lacerdinha, mais práticas:
– Contra o golpismo de Chávez, mas a favor do golpe no Paraguai
– Contra cotas, aquecimento global, áreas de proteção permanente, pagamento de multas por destruição do meio ambiente, código florestal ambientalista, impostos sobre grandes fortunas, bolsa-família, Prouni e outras políticas ditas assistencialista.
– A favor de incentivos fiscais para empresas multinacionais.
– Contra comissão da verdade e qualquer investigação que possa deixar mal os torturadores do regime militar brasileiro implantado em 1964.
– Contra a corrupção, especialmente se envolver políticos de esquerda, sem a mesma verve quando se trata de alguma corrupto de direita.
– Sempre pronto a chamar de petista quem lhe pisar nos calcanhares.
– Estrategicamente convencido de que a corrupção no Brasil foi inventada pela esquerda.
– A favor da universidade pública para os melhores, desde que o sistema não se alterne e os melhores continuem sendo majoritariamente os filhos dos mais ricos e com melhores condições de preparação e de ganhar uma corrida pretensamente objetiva e neutra.
– A favor, quando se fala em cotas, de melhorar o nível do ensino básico e de ampliar as vagas para evitar políticas discriminatórias, esquecendo das tais melhorias assim que o assunto sai da pauta da mídia ou é superado por alguma final de campeonato.
– Defensor da ideia de que, na vida, é cada um por si, salvo se houver quebra de safra, redução nos lucros, crise econômica internacional ou qualquer prejuízo maior. Nesses casos, o Estado deixa de ser tentacular, abstrato e opressor para ser uma associação de pessoas em favor dos interesses da sociedade na sua totalidade.
Faça o teste: quem preencher 60% dessas características é um lacerdinha.
Teste definitivo: lacerdinha é todo cara que se ofende ao ser chamado de lacerdinha.

quarta-feira, 21 de março de 2012

PISO DO MAGISTÉRIO

Após tumultuada sessão na assembleia legislativa (parabéns Olívio), o governo gaúcho conseguiu seu intento: aprovar o aumento dos professores abaixo do dito piso salarial nacional estipulado pelo governo federal.  O pagamento do total do valor aprovado de R$ 1.260,00 (abaixo do piso - hoje de R$ 1.410,00) será pago somente no final do governo, em 2014.
A atual política do governo Tarso pouco lembra os discursos petistas de 10-20 anos atrás.  Aqueles que nos inflamavam, que nos faziam sair na rua, para fazer bandeiraçoes nas esquinas - de graça - pelo simples ideal da possibilidade de um governo popular assumir.
Infelizmente, como se diz, o poder muda as pessoas e as ideias.  Sempre se falou mal do PT paulista, movido por interesses "estranhos", comandados pelos Dirceus e Genoinos (deu no que deu), mas felizmente domados por Lula, que habilmente segurou o país.  Mas o PT gaúcho (assim como os demais partidos), sempre era tido como "puro" e estruturado nos princípios partidários do início de sua criação.  O que aconteceu?
Em 2008, Tarso Genro, então ministro da educação, cria o piso nacional do magistério (lei 11738) reajustável, conforme o parágrafo único do artigo 5º, conforme " o mesmo percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano, definido nacionalmente", ou seja, pelo FUNDEB.  Na época, o governo Yeda (putz!) disse que não havia condições de pagar tal piso (R$ 950,00).  TODOS os deputados do PT investiram contra a "governadora", afirmando que, na realidade, não havia empenho político para tal.  Dinheiro, segundo eles, havia. Ao que parece, o discurso mudou...
Ao se eleger governador do Estado, Tarso Genro fez ressurgir - timidamente, é verdade - a esperança dos professores estaduais em receber um salário digno.  Seu discurso era o de implementar o tal "piso".  Como pode o governador mudar de opinião?  Como pode o governador assinar uma lei que ele diz não poder cumprir?  Seria a mesma coisa que alguém, em casa, prometer para seu filho: sua mesada, no próximo mês será de R$ 50 reais e, ao chegar o mês seguinte, somente conceder R$ 30 e dizer não ter condições de dar mais do que isso.  No mínimo, é frustante.  Ainda mais, em saber que o pai recebeu reajuste salarial significativo...
Bem, finalizando, posso afirmar que (in)felizmente vocês não verão mais meu carro cheio de adesivos petistas, nem em bandeiraços nas esquinas.  Estou decepcionado com a classe política.  Não acho que eles mereçam o meu voto.  Poucos políticos ainda são corretos (isto independe de partidos).  Continuo apoiando o governo Dilma e acho que Lula foi o melhor presidente que conheci.  Mas, sempre tem um mas, salvo uma mudança significativa, pretendo votar em branco nas próximas eleições, pois não sei se adianta votar no "menos pior".   A esquerda, como a imaginei, não existe mais.  A mediocridade venceu.  Os conchavos tornaram-se vitoriosos. Não se trata de assumir um papel passivo, mas sim, de um protesto velado e silencioso. Quem sabe consigamos, dessa forma, mudar um pouco o rumo das coisas em nosso país.
Por fim, mais uma vez: PARABÉNS, OLÍVIO.  Teu nariz de palhaço demonstra nossa indignação.